Restos de Colecção: Bar - Dancing “Arcádia”

29 de outubro de 2017

Bar - Dancing “Arcádia”

O Restaurante, Bar e Dancing “Arcádia”, localizado no antigo Palácio dos Condes de Povolide, hoje sede do “Ateneu Comercial de Lisboa”, na, então, Rua Eugénio dos Santos, em Lisboa, foi inaugurado em 5 de Fevereiro de 1932. 

“Arcadia” em 1934

A propósito da sua inauguração o jornal “Diario de Lisbôa” informava no mesmo dia:

«Inaugurou-se  esta tarde, na Rua Eugenio dos Santos, o novo restaurante Dancing “Arcadia”, onde se realizou um chá dansante a favor da Assistencia Nacional aos Tuberculosos, que está decorrendo com grande animação e elegante concorrencia.»

No dia seguinte, o mesmo jornal, complementava esta notícia:

«Como era de esperar, revestiu extraordinario brilhantismo e animação o “chá dansante” de caridade com que foi inaugurado ontem o novo restaurante dancing “Arcadia” na rua Eugenio dos Santos, cujo produto se destina a favor da Assistencia Nacional aos Tuberculosos. Ao som de uma eximia orquestra “jazz-band”, dansou-se, quasi sem interrupção, até perto das 8 horas da noite.»

30 de Dezembro de 1933

2 de Janeiro de 1934


Recordo que este Palácio depois de ter sido propriedade do Conde de Burnay, foi adquirido pela “Sociedade Hoteleira, Lda.” no início do século XX, e em 9 de Outubro de 1926 foi adquirido pelo “Ateneu Comercial de Lisboa”, que tinha sido fundado em 10 de Junho de 1880.

Palácio dos Condes de Povolide, já com o “Ateneu Comercial de Lisboa” instalado

Em 1929 o piso térreo do lado sul do Palácio, foi alugado pela firma “Alexandre de Mendonça Alves, Lda.” que aí instala o seu stand de vendas dos automóveis americanos “Chevrolet”, por si importados, promovendo obras de vulto alterando a fachada do piso térreo do edifício.

Stand da firma “Alexandre de Mendonça Alves, Lda.” , em 1929

Em 1932 esta firma abandona o edifício, quando a representação da “Chevrolet” passa para a firma “Dinis d’Almeida & Freitas, Lda.” na Avenida da Liberdade, e o mesmo espaço é ocupado pelo Restaurante, Bar e Dancing “Arcádia” que, como já foi referido, é inaugurado em 5 de Fevereiro de 1932, com um «chá dançante» de caridade, cuja receita reverteria em favor da “Assistência Nacional aos Tuberculosos”. Este espaço tornar-se-ia um dos lugares mais concorridos da Lisboa nocturna, complementando com os seus chás dançantes entre as 17,00 e as 19,30 horas.

5 de Fevereiro de 1932

 

             Passagem de Modelos em 7 de Abril de 1932                             Chá dançante em 14 de Abril de 1934

  

Em 1943, ano do seu décimo aniversário, o “Arcádia” encerra para importantes obras de transformação e renovação, pelas mãos dos seus gerentes Ângelo Pereira e Manuel José de Carvalho (pastelarias "Benard" e "Marques" e "Padaria Inglesa"), reabrindo em 27 de Dezembro de 1943. A nova decoração ficou a cargo da "Casa Jalco" de João Alcobia.

27 de Dezembro de 1943

       

«O amplo salão do “Arcadia” sofreu profunda transformação, apresentando hoje um aspecto de requintado bom gosto, pela harmoniosa conjugação dos lustres e dos resposteiros á restante decoração. Na verdade, não se pode imaginar, senão vendo e admirando, os benefícios introduzidos no conhecido “bar-dancing” de Lisboa, e que transformaram aquela admiravel casa, de alto a baixo, adaptando-a definitiva e convenientemente ao fim em vista.
(…) Á noite, o “Arcadia” registou extraordinária enchente. Apesar do salão comportar muitas mesas, não havia um lugar vago. Na pista brilhante e feericamente iluminada, bailaram e cantaram as artistas Dorita Serrano, Melly de la Plata, Manolita Piquero e Brazalema. Quere dizer, o “Arcadia” corresponde inteiramente às exigências da vida lisboeta, cotando-se como “bar-dancing” da maior categoria.» in jornal “Diario de Lisbôa”

                               7 de Dezembro de 1949                                                            8 de Novembro de 1950

 

Ângelo Pereira, abriria em 12 de Outubro de 1935 o York-Bar”, na rua Serpa Pinto, e em 5 de Março de 1937 o Restaurante “Negresco”, na Rua Jardim do Regedor. A história de ambos pode ser consultada neste blog no seguinte link: Restaurante “Negresco”.

O “Arcádia” encerraria definitivamente no final de 1952. Em 1954 os irmãos galegos António e Manuel Paramés adquiriram este espaço, e inauguraram em 12 de Dezembro de 1956 o Restaurante-Cervejaria “Solmar”. Acerca da história desta cervejaria consultar neste blog o seguinte link: “Solmar”

Último anúncio do “Arcádia” em 20 de Dezembro de 1952

fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Hemeroteca Digital, Arquivo Nacional da Torre do Tombo

2 comentários:

Paulo disse...

Boa tarde
Quero elogia-lo pelo excelente trabalho que desenvolve neste seu blogue. Embora não comente muito, acompanho regularmente e não quero deixar de parabeniza-lo e de o incentivar a continuar a divulgar estes assuntos tão interessantes e reavivar memórias de outros tempos.

José Leite disse...

Boa noite,

Eu é que agradeço a gentileza do seu comentário.

Os meus cumprimentos