Restos de Colecção: março 2017

8 de março de 2017

Café “Aurea Peninsular”

O Café Restaurant "Aurea Peninsular", localizado na Rua Aurea, foi dos cafés mais conhecidos de Lisboa. Esta antiga casa, teve como na sua origem um botequim com de jogos de bilhar, cartas e gamão, pertencente a José Manoel d'Aguiar, que em 11 de Agosto de 1819, tinha sido preso por não ter licença para jogos, sendo pouco depois mandado soltar, pagando 38$400 réis de multa.

No ano de 1801, Domingos Ardição ou Ardisson fundou um café na rua Aurea, na mesma loja do Café Restaurant “Aurea Peninsular". « No tempo dos Francezes, succedeu-lhe o café de um tal Aguiar, estabelecimento que foi substituido pelo café do Nobrega, que, por seu turno cedeu o campo ao Aurea Peninsular. »

Em 1827, já era dono desse botequim José Joaquim Nobrega, filho dum antigo empregado do Arsenal da Marinha, que lhe chamou de "Café do Nobrega". Este novo proprietário ampliou o café tomando mais duas portas contíguas e a loja ficou ocupando do número 89 ao 93. Antes de 1855 terá falecido já que nesse ano se anunciava que o Café da viúva do Nobrega se vendia cerveja de Guichard, do Porto. Este café encerraria em 28 de Junho de 1855, dia em que foi a leilão o mobiliário, constituído por dois bilhares, mesas com tampo de pedra, mesas de madeira para jogo de cartas, cadeiras, candeeiros de gás e de azeite, relógio, etc.

1900

1904

«Antes de se estabelecer a illuminação a gaz em Lisboa, o Nobrega era illuminado por candieiros de azeite, que recebiam concerto no Faz-Tudo da travessa da Assumpção, onde tambem se concertavam os candieiros do Marrare, do conde de Farrobo e do marquez de Vianna.» in “Os Cafés de Lisboa” de Tinop (Pinto de Carvalho) na revista “Serões”

Em 16 de Outubro de 1855, este botequim reabre, depois de ter sido adquirido por um novo proprietário, que o reformou «de fond en comble», acabando com as sobre-lojas e apelidando-o de Cafe Restaurant "Aurea Peninsular".

O "Jornal do Commercio" noticiava deste modo a sua reabertura:

«Hontem abriu-se no antigo botequim do Nobrega um café denominado café Aurea Peninsular; pertence ao proprietario do do largo de Santa Justa. É um estabelecimento dos mais decentes de Lisboa. Parece ter pouca luz em consequencia de ser bastante escuro o papel que forra a sala e a casa de bilhar. A cozinha está bem arranjada e com exemplar aceio».

Por último e depois de ser adquirido por novos proprietários, em 1897, - a firma "Rosales & Peres" - o Café Restaurant “Aurea Peninsular”  sofre a sua quarta reforma e reabre em 22 de Maio de 1897. Resistiria até ao final da primeira década do século XX, altura em que o edifício onde estava instalado é profundamente alterado, para aí se instalar a sede do "Banco Colonial Português", que ocuparia praticamente todo o edifício, com a excepção do 2º andar que permaneceria sede da companhia proprietária do edifício, a “Companhia de Seguros Luso-Brasileira Sagres”, desde a sua fundação em 1917, e que mudaria de designação para “Companhia de Seguros Sagres, S.A.R.L.” em 1939. 

23 de Maio de 1897

1 de Outubro de 1907

Bibliografia: “Lisboa d’Outros Tempos” (1899) de Pinto de Carvalho (Tinop)

fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital

5 de março de 2017

Exposição do X Aniversário do III Reich

Em consequência da neutralidade portuguesa na II Guerra Mundial, tiveram lugar 2 importantes exposições promovidas pela Secção de Turismo dos Caminhos de Ferro Alemães”, cuja representação geral para Portugal se situava na esquina da Rua do Carmo com a Rua Garrett, em Lisboa.

A primeira delas foi a “Exposição Técnica Alemã” realizou-se no Instituto Superior Técnico em Lisboa, em Maio de 1942 e em Junho do mesmo ano no “Palácio de Cristal”  no Porto.

A segunda foi a “Exposição do X Aniversário do III Reich”  (1933-1943), e teve lugar a partir de 29 de Maio de 1943 na representação geral para Portugal dos Caminhos de Ferro Alemães, na “Secção de Turismo dos Caminhos de Ferro Alemães” na Rua Garrett em Lisboa em 1943.

Instalações na Rua Garrett da Secção de Turismo dos Caminhos de Ferro Alemães a quando da Exposição

Poster alemão alusivo à efeméride

 

“Secção de Turismo dos Caminhos de Ferro Alemães”, na Rua Garrett

 

  

Portugal aproveitou esta exposição para exibir, temporariamente, montras publicitárias alusivos à passagem do XVI aniversário da «Revolução Nacional», assinalados no ano anterior em  28 de Maio de 1942 e do 54º aniversário do presidente do conselho Doutor Oliveira Salazar, em 28 de Abril de 1943.

Entretanto, já em 30 de Janeiro de 1938, no Terreiro do Paço e com a bandeira nazi desfraldada, a banda do couraçado “Deutschland” tinha tocado para os lisboetas. No Tejo, a esquadra alemã tinha ainda dois submarinos “U-Boot”.

E em 1940  já tinha sido posto à venda a «novidade literária» … e em 1943, Berlim «falava» …

 

 

 

 

   

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

1 de março de 2017

Hotel dos Templários em Tomar

O “Hotel dos Templários” localizado no Largo Cândido dos Reis, em Tomar, propriedade do construtor civil e empresário hoteleiro José Cristóvão, e projectado pelo arquitecto Carlos Oliveira Ramos (1922-2012) - filho do arquitecto Carlos Chambers Ramos (1897-1969) - foi oficialmente inaugurado pelo Chefe de Estado, Almirante Américo Thomaz, em 29 de Abril de 1967.

No dia da inauguração

E a respectiva notícia no “Diario de Lisbôa”, que falou de tudo menos do Hotel ….

Apesar de inaugurado oficialmente em 29 de Abril, e a fazer fé no primeiro anúncio publicitário e que publico de seguida, creio que este Hotel somente abriu ao público apenas cerca de 2 meses depois, em 21 de Junho de 1967.

                                        21 de Junho de 1967                                                        21 de Dezembro de 1967

 

Este hotel de 1ª Classe “A” oferecia, inicialmente ,«84 quartos, com casa de banho privativa e rádio. Amplos salões, bar, televisão salas de jogos com bilhares, salas para reuniões, conferências e banquetes. Ainda um solarium, campo de ténis, e uma piscina em fase de acabamento.»

 

 

O “Hotel dos Templários”, actualmente de 4 estrelas e propriedade do “Grupo José Cristóvão”, foi profundamente renovado e ampliado em 1994, passando a usufruir de 5 suites duplex e 171 quartos, piscina interior e exteriror, health-club, restaurante panorâmico, bar, sala de jogo, ténis, heliporto, 2 áreas independentes para reuniões e congressos com 14 salas com capacidade até 700 pessoas.

“Hotel dos Templários” actualmente