Restos de Colecção: Mocidade Portuguesa Feminina

28 de maio de 2014

Mocidade Portuguesa Feminina

A organização nacional denominada Mocidade Portuguesa”, formalmente instituída pelo Decreto-Lei nº 26.661, de 19 de Maio de 1936, pretendia abranger a juventude do «Império Português» e os núcleos de portugueses no estrangeiro.

A “Mocidade Portuguesa Feminina” (MPF), foi regulamentada através do Decreto-Lei n.º 28 262, de 8 de Dezembro de 1937 , definida como «secção feminina da organização nacional Mocidade Portuguesa (M.P.F.) a cargo da Obra das Mães pela Educação Nacional (O.M.E.N.)».

 

De acordo com o texto deste diploma, esta organização «cultivará nas filiadas a previdência, o trabalho colectivo, o gosto da vida doméstica e as várias formas do espírito social próprias do sexo, orientando para o cabal desempenho da missão da mulher na família, no meio a que pertence e na vida do Estado.»

 

 

Em Dezembro de 1937 é nomeada Comissária Nacional da MPF Maria Baptista dos Santos Guardiola - professora de matemática, reitora do “Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho” e uma das três primeiras deputadas portuguesas - encabeçando a direcção da MPF, influenciando definitivamente a organização. Ao mesmo tempo seriam também nomeadas outras comissárias nacionais adjuntas: Maria Luísa Saldanha da Gama Vanzeller, médica que tinha sido dirigente de organizações femininas da “Acção Católica”, depois deputada e vice-presidente do “Instituto Maternal”, e Fernanda Almeida d'Orey, ex-dirigente do escutismo feminino e mãe de muitos filhos, ao contrário das maioria das dirigentes solteiras da MPF. Em 1947, seria também destacada para o comissariado nacional Aurora David, professora católica. 

O primeiro número do Boletim mensal da “Mocidade Portuguesa Feminina” de 13 de Maio de 1939

 

  

As datas charneira do início da "Mocidade Portuguesa Feminina" foram: 1938, quando a organização saiu pela primeira vez a conhecimento público; o ano de 1942, quando a vida associativa escolar foi atribuída às Mocidades; e, depois de cinco anos de reforço da obrigatoriedade de filiação e de hegemonia das Mocidades, 1947, quando as actividades das duas organizações de juventude foram integradas nos planos escolares.

Curso para graduadas em 1939

 

 

O facto de a "Mocidade Portuguesa Feminina" ter tido uma implantação quase exclusivamente escolar explica e estreita subordinação da periodização da vida às relações que manteve com a Escola e o Ministério da Educação Nacional. Por outro lado , a "Mocidade Portuguesa Feminina" organizou separadamente as jovens e actuou de forma independente da "Mocidade Portuguesa", com programa, vida autónoma e direcção própria.

Exposição de trabalhos manuais e textéis efectuados pela “Mocidade Portuguesa Feminina”

   

Visita da MPF ao “Museu Nacional de Arte Antiga”

 

 

Mocidade Portuguesa Feminina” nas boas vindas ao regresso do General Carmona, da viagem às colónias em 1939

A 6 de Julho de 1966 foi feita “Membro-Honorário da Ordem da Instrução Pública”. Em 8 de Novembro de 1971, através do Decreto-Lei 484/71, o ministro José Veiga Simão deu início ao princípio do fim das Mocidades ao transformá-las em «associações nacionais de juventude abertas á adesão voluntária». Três anos depois, a “Mocidade Portuguesa Feminina” foi extinta, juntamente com a “Mocidade Portuguesa”, a “Legião Portuguesa”, a “Acção Nacional Popular” e a “PIDE/DGS”, pelo Decreto-Lei 171/74, de 25 de Abril.   

BIbliografia:  "A Mocidade Portuguesa Feminina nos Dez Primeiros Anos de Vida (1937-47)” de Irene Flunser Pimentel - Instituto de História Contemporânea, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Hemeroteca Digital

6 comentários:

João Menéres disse...

Ali se formaram imensos velejadores que ganharam títulos internacionais ( Mundiais e Medalhas Olímpicas ).
Notória também a actividade do Hipismo.
É bom não esquecer !

José Leite disse...

Caro João Menéres

Grato pela informação adicional

Cumprimentos

José Leite

aragonez disse...

Hoje critica-se esses dias com argumentos que também reduziriam a zero tudo o que de bom fizemos ao longo dos séculos.
Velho hábito de "julgar" o passado com as luzes de LED que hoje usamos, em tempos que iluminávamos com tochas!
Mas, ao menos, aqui o local era um país.
Não um vazadouro.

Anónimo disse...

Não querendo ser saudosista..não posso deixar de salientar o País que fomos..o espirito dos Descobrimentos...e o que somos..reduzidos a nada..um País outrora vencedor...a ser vendido ao desbarato..a perder a sua Identidade..Lamentável!!

José Leite disse...

Caro Carlos Francisco

Grato pelo seu comentário, cheio de propriedade.

No próximo Domingo, dia 12-10-2014 vou publicar uma artigo acerca da Viagem Presidencial às Colónias, do General Carmona, em 1939 , que julgo vai ser do seu agrado.

Os meus cumprimentos

José Leite

Teixeira Vaz disse...

Caro José Leite,

Foi com profunda emoção que vi a foto do grande painel actualmente no palácio da Restauração.

Conheço essa peça muito bem na medida em que a minha mãe sempre se orgulhou de ter prestado o seu contributo na sua elaboração.

Gostaria de submeter à sua apreciação as memórias de que sou depositário...

A dita peça foi elaborada na antiga escola Machado de Castro no âmbito de um curso que infelizmente não me recordo o nome mas que formava técnicas de "design" para a elaboração dos padrões para as industrias de lanificios, tapecarias, etc...um misto de arte e tecnologia, sendo que os professores eram quase todos pintores consagrados.
Ao ensino de excelência, acresce o acesso a material da mais alta qualidade (caran d'ache, etc) e a custo zero para os alunos.
Uma forma de financiar essa despesa eram os certames onde qualquer pessoa podia comprar essas peças, sendo que muitas eram encomendas do próprio estado para decoração de embaixadas, palacios etc...
O painel de que a minha mãe se orgulhava foi destinado ao Palácio da Restaouração onde continua.
Neste processo de ensinar,conceber, produzir e vender, não disponho de elementos relativamente ao papel da Mocidade Portuguesa Feminina, penso que a foto será de 1942 e a minha mãe teria 16 anos.
Sempre se referiu a essa instituição com um carinho muito especial tendo guardado o seu emblema numerado como uma viva recordação de convívio, camaradagem, e amizades para toda a vida.Em relação aos aspectos doutrinários, nunca manifestou particular entusiasmo, ao fim e ao cabo miúdas de 16 anos naquela altura tão conservadora, aproveitavam essa escassa possibilidade para conviver pois estavam terrivelmente constrangidas pelos preconceitos e moralismos daquela conjuntura.

Resumindo, o painel foi um trabalho escolar....eventualmente a MPF colava-se até porque estava-se em 1942.

Com os melhores cumprimentos de parabéns

Teixeira Vaz