Restos de Colecção: Imprensa Nacional

23 de maio de 2014

Imprensa Nacional

Criada por Alvará de 24 de Dezembro de 1768, a “Impressão Regia”, também chamada “Regia Officina Typographica”, só a partir de 1833 passou a ser designada “Imprensa Nacional”. Para dar início à sua laboração, foi adquirida a oficina tipográfica de Miguel Manescal da Costa e alugado o palácio de D. Fernando Soares de Noronha, à Cotovia, na então Rua Direita da Fábrica das Sedas, quase defronte do “Colégio dos Nobres”, mas com entrada pela Travessa do Pombal, atual Rua da Imprensa Nacional.

Palácio de D. Fernando Soares de Noronha

Alvará de 24 de Dezembro de 1768

Em Julho de 1769, foi incorporada na “Impressão Régia a Fábrica de Cartas de Jogar e Papelões”, sob a direção do genovês Lorenzo Solesio, cujo monopólio de fabrico e venda de cartas de jogar no «reino e conquistas» foi um dos seus principais rendimentos até 1832, quando foi extinto.

Sob a direção de uma Junta ou Conferência de três membros, o diretor geral, Nicolau Pagliarini, o Deputado Tesoureiro, Bento José de Miranda, e o Administrador da Oficina, Miguel Manescal da Costa, a “Impressão Régia” começou a funcionar numa zona de Lisboa em pleno desenvolvimento industrial após o Terramoto. De início alugado, o Palácio de D. Soares de Noronha, na travessa do Pombal foi comprado em 1816, pelo preço de 16 contos de réis. Em 1895, o velho edifício, considerado inadequado para as necessidades de um estabelecimento fabril em contínuo desenvolvimento, começou a ser demolido, para dar lugar ao actual.

“Gazeta de Lisboa” nº 1 de 1 de Janeiro de 1743

A obra, que decorreu por fases, ficou concluída em 1913. Caso interessante de longevidade de espaços fabris, a “Imprensa Nacional” continua hoje, passados mais de dois séculos, a laborar no mesmo lugar, se bem que com as profundas alterações internas de um necessário ajustamento aos novos tempos e às modernas tecnologias.

Em 1910, com o advento da República, tomou posse do lugar de diretor-geral Luís Derouet, assassinado à porta do edifício, em 1927, por um tipógrafo desempregado. Foi durante a sua administração que a “Imprensa Nacional” conheceu um notável desenvolvimento cultural (organizou conferências e exposições e inaugurou a sala da Biblioteca em 1923) e social (Cooperativa A Pensionista, em 1913, Caixa de Auxílio a Viúvas e Órfãos, em 1918, e a Previdência Mútua em 1923).

Fotos do interior da “Imprensa Nacional”, em 1915

                         Oficina de fundição de Tipos                                                            Oficina de Gravura

 

                                 Oficina de Litografia                                                               Oficina de Composição

 

Central Eléctrica

Sala de Leitura

 

Armazém de venda de Tipos  e Catálogo Geral de Tipos

       Imprensa Nacional.4.1 (Catálogo Geral de Tipos 1915)

Inspecção das oficinas

Até 1968, quando foi festejado o seu 2º Centenário, a Imprensa Nacional continuou a modernizar-se para se adaptar às novas tecnologias e necessidades do mercado. Em 1969, pelo Decreto-Lei n.º 49476 de 30 de Dezembro, passa a empresa pública. Finalmente, em Julho de 1972, funde-se com a Casa da Moeda”, passando a nova instituição a designar-se de “Imprensa Nacional Casa da Moeda - INCM”.

Fotos de 1968 a 1973

Central Eléctrica em 1973


Secção de Impressão


Secção de Carpintaria


Secção de Serralharia


Cooperativa


Biblioteca

Se bem que à “Imprensa Nacional” esteja ainda hoje associada a publicação do “Diário da República” (e dos seus antecedentes, “Gazeta de Lisboa” e “Diário do Governo”, entre as várias designações que o jornal oficial teve), já nos termos do Alvará de 1768, deveria «fazer-se util e respeitavel pela perfeição dos caracteres e pela abundancia e asseio de suas impressões».

Visita à “Imprensa Nacional” do Ministro do Interior Dr. António José de Almeida em 1911

Por curiosidade, imagens do combate a um incêndio no edifício contíguo ao da “Imprensa Nacional”

  

Ao longo da sua existência, editou ou apenas imprimiu obras de autores clássicos ou vivos, não só portugueses como traduzidos, obras de carácter literário, artístico ou científico, além das obras ditas «oficiais», como legislação, relatórios, ou mesmo discursos e os impressos designados no século XVIII por «papéis volantes», ou seja, os impressos e modelos de uso administrativo.

A seguir capa do “Acerto da lei fundamental, promulgado em vésperas do derrube do governo de Bernardino Machado, a quem sucedeu Tomé de Barros Queirós", impresso pela “Imprensa Nacional” em 1921.

Notabilizou-se na arte da gravura, teve uma escola de composição, fundada em meados do século XIX, de onde saíram alguns dos mais notáveis profissionais de artes gráficas, e hoje, mais de dois séculos depois da sua criação, tendo-se adaptado às novas exigências, mantém-se no local onde foi instalada pelo Marquês de Pombal, cumprindo a missão que então lhe foi confiada, de «animar as letras e levantar uma impressão util ao publico pelas suas produções, e digna da capital destes reinos».

Bibliografia: site da Imprensa Nacional Casa da Moeda

fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital, Imprensa Nacional Casa da Moeda, Delcampe.net, Almanaque Republicano

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