Restos de Colecção: Comboio Real Português

9 de março de 2014

Comboio Real Português

O “Comboio Real Português” esteve ao serviço da família real portuguesa, Rainha D. Maria Pia de Sabóia, Rei D. Luiz I, e príncipe D. Carlos.

Este comboio real foi inicialmente formado apenas pela locomotiva “D. Luiz” e pelo “Salão D. Maria Pia”. Esta carruagem, construída em 1858, foi oferecida como prenda de casamento à Rainha por seu pai, o Rei Vítor Manuel II de Itália, em 1862. Foi construída em Bruxelas em meados do século XIX pela “Compagnie Générale de Matériels de Chemin-de-Fer” e comporta vários salões e até instalações sanitárias com água corrente. As suas dimensões são: 9,55x2,73x3,85 (mts)deslocando 15 toneladas de peso.

 

 

A locomotiva “D. Luiz”, construída no ano de 1855 em Manchester, nas oficinas “Beyer Peacock & Cª. Ltd”, e entregue aos “Caminhos de Ferro do Sul e Sueste” em 1862, é a locomotiva a vapor portuguesa mais antiga. Foi-lhe dada o nome de “D. Luiz”, o então infante irmão do rei D. Pedro V. As suas dimensões são: 13,75x2,60x3,72 (mts), deslocando 36 toneladas de peso. Esta locomotiva trabalhou durante mais de 50 anos.

 

 

Por curiosidade, sendo a locomotiva a vapor “D. Luiz” a nº 1 da C.P. a seguir a foto da locomotiva a vapor nº 2 …

A partir de 1877, foi acrescentada a esta composição mais uma carruagem, o “Salão do Príncipe”, para utilização do ainda Príncipe D. Carlos. As suas dimensões são: 9,50x2,69x3,85 (mts), deslocando 15 toneladas de peso.

O “Comboio Real Português”, pertença da “Fundação Museu Nacional Ferroviário Armando Ginestal Machado” (FMNF), foi restaurado no início do ano de 2010, sob o patrocínio do Spoorwegmuseum de Utrecht, para integrar a exposição internacional Royal Class Regal Journeys  realizada neste museu, na cidade de Utrecht, na Holanda, entre 14 Abril e 05 de Setembro de 2010.

A intervenção foi realizada por uma equipa da “EMEF” de Contumil - Porto, coordenada pelo Eng.º Carlos Machado, e contou com o apoio do pessoal técnico do “Museu Nacional Ferroviário”, orientado pela Dr.ª Judite Roque, bem como de duas técnicas especializadas no restauro de peles e têxteis. A operação de restauro visou a preparação deste comboio para efeitos expositivos.

 

Este material, de valor inestimável, pertence ao “Museu Nacional Ferroviário” gerido pela “Fundação Museu Nacional Ferroviário Armando Ginestal Machado”  no Entroncamento, onde é possível admirá-lo, assim como outras peças de grande interesse.

De referir, que a  “Fundação Museu Nacional Ferroviário Armando Ginestal Machado” (FMNF) foi criada por Decreto-lei a  17 de Fevereiro de 2005, tratando-se de uma pessoa colectiva, de direito privado, com duração indeterminada, tendo sido reconhecida de utilidade pública em 7 de Novembro.

«Sendo herdeira e continuadora das acções que, na área da museologia ferroviária e da gestão do património ferroviário, a Refer e sobretudo a CP têm vindo a desenvolver, a FMNF tem por missão o estudo, a conservação, valorização e promoção do património histórico, cultural e tecnológico ferroviário português e por Objectivo Específico a instalação e a gestão do “Museu Nacional Ferroviário”, bem como a conceptualização, dinamização e gestão dos vários Núcleos Museológicos.» in: FNMF

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (estúdio Mário Novais), Mesa do Café, Fundação Museu Nacional Ferroviário

3 comentários:

Histórias com História disse...

Mais um artigo interessante sobre o tema dos caminhos de ferro. Só quero ractificar que a locomotiva nº 1 "D. Luiz", embora seja a número 1 nada tem a ver com a 02 que refere. A locomotiva "D. Luiz" pretenceu á Companhia do Sul e Sueste e era a nº 1 desta companhia, a locomotiva 02 pertenceu à Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portuguezes, mais tarde CP. Existiu a locomotiva 01 desta mesma série. Eram locomotivas de companhias distintas.

Rui Pissarra disse...

Já Agora tem alguma informacao (em concreto) sobre qual foi a locomotiva usada na viagem inaugural da Linha da Beira Alta em 1882? Nessa viagem estiveram presentes o rei D: Luis, a rainha e os principes, D: Carlos e D. Afonso.

José Leite disse...

Só consegui apurar o seguinte:

Durante o período de construção usou-se uma máquina pequena Saddle-Tank comprada à Hunslet Engine Company. Com o início da exploração a Linha da Beira Alta foi dotada com 16 locomotivas, oito clássicas Bourbonnais, compradas à casa Schneider & C.ª Le Creuzot, que serviam nomeadamente para os comboios de mercadorias e outras oito para o serviço de passageiros da casa austríaca Sainte Autriche Chrenne à Wiemer Vontes.