Restos de Colecção: Mercado de Arroios

22 de maio de 2012

Mercado de Arroios

Inaugurado oficialmente em 28 de Fevereiro de 1942, situa-se no "Bairro dos Actores", entre a Praça do Chile a a Alameda Afonso Henriques, na Rua Ângela Pinto. O "Mercado de Arroios", veio substituir o anti-higiénico "Mercado do Poço dos Mouros" que tinha sido inaugurado em 17 de Julho de 1927.

                                                  Exteriores do Mercado de Arroios, em 1942 e 1946

 

                                                 Aspecto das fases de construção, em 1941

             

Construído pela já desparecida "Sociedade de Construções Amadeu Gaudêncio", e projectado pelo arquitecto Luiz Benavente foi considerado o melhor Mercado de Portugal. Classificado como mercado retalhista, veio também a desempenhar funções de mercado abastecedor de legumes, passando desse modo á categoria de mercado misto.

Dispunha de 31 lojas destinadas a talhos, salsicharias, venda de frutas,lacticínios, etc, e de 300 «lugares» de venda. No subsolo foram instalados um matadouro de aves, tulhas, cantinas, e frigoríficos, para carne, peixe, caça, aves, frutas, hortaliças. Aqui também existiam lavabos e chuveiros para utilização dos vendedores, público e pessoal; arrecadações para produtos e vestuário dos vendedores, devidamente numerados e uma cantina.

«Uma novidade para Portugal: um matadouro para aves e pequenos animais e para preparação de caça, de forma que se evita no mercado propriamente dito a a cumulação de sangue, de penas, etc., que se verifica noutras praças.»

                                                                      Interiores em 1942

 

Fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Hemeroteca Digital

A “Revista Municipal”  de 1942 descrevia:

«As condições de ventilação e iluminação são as melhores. No rés-do-chão fazem-se, uma e outra, pelo pátio central e por janelas e frestas. O Claustro Central, aberto sobre o pátio mede 170 m2, totalizando as janelas e frestas, respectivamente, duzentos e trezentos e oitenta metros quadrados. Dispõe ainda de uma instalação eléctrica adequada á vigilância e exploração do mercado.

A rede de abastecimentos de águas garante um serviço contínuo, estando as bocas de rega localizadas de forma a permitirem a completa e rápida lavagem de todo o mercado. Na construção dos pavimentos atendeu-se à conveniência de evitar a acumulação de resíduos, tendo sido montada uma perfeita rede de esgotos com ligações para o exterior, protegidas por sifões.»

                                                          Mercado de Arroios, actualmente

                    

10 comentários:

Bic Laranja disse...

Formidável! As cousas que sabiam fazer. Hoje, nem aproveitá-lo se sabe, eu me parece...

José Leite disse...

Caro "Bic Laranja"

Muito grato pelo seu comentário cheio de propriedade ...

Cumprimentos

APS disse...

Na «RUA CARLOS MARDEL» no início dos anos 50 (próximo ao Mercado), tinha ali grandes amizades que visitava regularmente. A "Fonte Luminosa" era o meu local preferido com os amigos (aos Domingos)quando jovem. Bons tempos!
A firma construtora do "MERCADO" a «SOC. CONSTRUÇÕES AMADEU GUADÊNCIO», recordo com saudade o tempo que por lá passei.
Obrigado por me fazer recordar estes tempos de juventude, no sítio do "velho" «MERCADO DE ARROIOS», que teimosamente continua a resistir.
Um abraço
APS

José Leite disse...

Caro Agostinho

Tempos que já lá vão ... e não voltam.

Restam as saudades e recordações.

Um abraço

José Leite

Imaginário disse...

Fiquei impressionado.
A construção, ao menos em sua fachada, me pareceu bastante bem cuidada. O mais que se vê é derrubarem tudo para fazer estacionamentos...
Agora, com relação ao "espaço vivido", esse deve ser quase mito.
Atenciosamente,
Gilson.

José Leite disse...

Caro Gilson

Agradecido pelo seu pertinente comentário.

Cumprimentos

José Leite

Anónimo disse...

Praticamente nasci nesse Mercado e lá permaneci em minha infancia e adolescencia. Toda a família de minha mãe trabalhou lá e ainda tem um irmão e alguns parentes próximos trabalhando em talhos e bancas de verdura. Eu nasci na Rua Carvalho Araujo e lá morei todo o tempo em que vivi em Portugal.Grandes momentos de minha vida e agora este seu blog para matar minhas saudades e trazer tão doces lembranças. Pena que tudo se acaba. Mas a vida é essa roda mesmo e não pára. Obrigada a você por trazer essa jóia do quotidiano de tanta gente como eu. Parabéns. Mila

José Leite disse...

D. Mila

Eu é que agradeço o seu simpático comentário.

Cumprimentos

José Leite

Anónimo disse...

Olá José, sou actual moradora da rua Ângela Pinto, a rua do mercado. Vim frequentar morar nesta zona da cidade, quando vim para a universidade. Por qui fiquei até hoje, onde constituí família. Gosto muito do mercado de arroios, mas pude assistir à sua decadência, por falta de clientes, falta de limpeza e falta de cuidado de quem dele devia cuidar. Gostei do que me ensinou sobre este mercado. Agora tenho um pedido a fazer. Finalmente, vai sofrer obras de melhoramentos e modernização, fico feliz por saber que com elas não morra e volte a ter vida e a ser um lugar agradável. As obras vão começar agora em setembro próximo, mas não sei que tipo de obras vão ser fietas e como se pensa dinamizar este espaço. Sabe-me dizer algo mais a este respeito? Grata Maria Pereira

Julio disse...

Morei na rua Francisco Sanches de 1948 a 1952 e na Morais Soares até 1954. Minha mãe costumava levar-me às compras ao mercado do Chile assim era também conhecido o mercado de Arroios . Lembro-me da inauguração da Fonte Luminosa onde muitas vezes brinquei. Pena não consegui reencontrar o local da antiga escola primária Mem Ramires da Voz do Operário que ficava situada nas imediações da Rua Carvalho Araújo. Sou Júlio Cardoso e meu pai foi empregado de mesa durante 13 anos no famoso Café Minerva na rua José falcão.meu email jcaleluia3@gmail.com