Restos de Colecção: outubro 2010

29 de outubro de 2010

“Cristianismo e Comunismo”

Como diz o panfleto de 1947, Instrução Pastoral lida ao microfone da Emissora Nacional no dia 22-11-1947, pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira

                         

foto in: Biblioteca Nacional Digital

28 de outubro de 2010

Teatros de Lisboa (3)

Mais uns antigos teatros de Lisboa, já desaparecidos à excepção do “Teatro da República”, hoje com o nome de “Teatro de São Luiz”.  Acrescentei umas pequenas notas que julguei interessantes da história destas famosas casas de espectáculos.  

                                   Teatro Tália                                                                      Teatro do Ginásio

        

O “Teatro Tália” foi construído em 1820, na propriedade do Conde de Farrobo, junto ao seu palácio nas Laranjeiras contíguo ao Jardim Zoológico. O hoje arruinado Teatro de Tália data de 1820 e a sua sala dispunha de cerca de 560 lugares, possuía luxuosos camarins e um opulento salão de baile, de paredes revestidas com valiosos espelhos de Veneza. Foi aqui que se estreou a peça de Almeida Garrett “Frei Luís de Sousa”. Como o Conde de Farrobo era empresário do “Teatro S. Carlos” trouxe a este “Teatro Tália” 18 óperas entre 1834 e 1853. Em 1862 um incêndio destruiu totalmente o interior e já não foi reconstruído, por as “finanças” do Conde de Farrobo estarem já doentes. O edifício ainda existe e foi considerado imóvel de interesse público em 1974 apesar de ainda hoje se encontrar ao abandono.

O “Teatro do Ginásio” foi inaugurado em 1846, e ocupava o Palácio Geraldes. Embora um espaço exíguo e incómodo é, através do seu reportório, essencialmente cómico, um dos espaços teatrais mais frequentados. Pela sua popularidade crescente após obras em 1852 a família real adquiriu um camarote. Em 1921 este teatro é consumido por um violento incêndio destruindo-o completamente. No seu lugar é erguido um novo edifício que passará a ser Cinema Ginásio. Nos anos 80 é desmantelado e passa a centro comercial .

                                         Teatro D. Amélia                                                             Teatro da República

          

O “Teatro República”, inaugurado em 22 de Maio de 1894 com o nome de “Teatro Dona Amélia”, tomou esta designação em 1910 devido à Implantação da República. Em 1914 sofreu um grave incêndio e foi reconstruído.

A revista “Ilustração Portuguesa” de 21 de Setembro de 1914 noticiava desta forma o acidente:

"Lisboa perdeu, com o Teatro da República, a sua melhor, e mais moderna, mais chic casa de espectáculos, a que estavam ligadas as mais fundas recordações de horas inolvidáveis. Pelo teatro da República, agora um montão de escombros que a muita inteligência e o grande tacto administrativo do seu director convertera n'um verdadeiro capitólio de arte, passaram não só os maiores actores como as sumidades teatrais europeias. Ali trabalharam os Rosas, Brasão,Damasceno, e Lucilia, ali se apresentaram ao publico português a Duse, Zaconi, Noveli,Emmanuel, Tina di Lorenzo, a Vitaliani, Guiltry, Sara Bernhardt."

Em homenagem ao dinamizador da sua reconstrução, o Visconde de São Luiz de Braga, em 1918 passa a designar-se “Teatro de São Luiz”.

                                                                                  Teatro Apolo                                                              

                                         

O “Teatro Apolo” situado na Rua da Palma, e pertença de Francisco Viana Ruas, foi inaugurado em 1866 como nome de Teatro do Príncipe Real, em homenagem ao futuro rei D. Carlos.

Dois pobres e uma porta”, em 3 actos e, “Muito padece quem ama” são as comédias apresentadas na inauguração.

Em 1910 o regime republicano altera-lhe o nome para Teatro Apolo. “Agulha em Palheiro” , primeira revista original após a instauração da República, em 1911.
Apesar dos inúmeros sucessos, o teatro foi demolido em 1957

                                                                      Teatro Condes (“Condes Novo”)

                                        

O “Teatro Condes”, também apelidado de “Condes Novo”, foi inaugurado em 1888, e mandado construir por Francisco de Almeida Grandella, e é originário do antigo “Teatro da Rua dos Condes” que começou a funcionar em 1765 na rua dos Condes. Antes de ser demolido em 1951 ainda passou a Cinema Condes.

                                                              Teatro da Rua dos Condes (“Condes Velho”)

                                              

                                              

O nome desta rua tem origem no facto de esta ter sido construída após o terramoto de 1755, nos terrenos dos Condes da Ericeira que eram donos da maior parte desta zona e que se estende até ao Largo da Anunciada. Este “Teatro da Rua dos Condes” em 1782 passou á categoria de Teatro Nacional, tal era a sua importância no panorama artístico. A Administração era comum ao Teatro de São Carlos. A vida literária e teatral portuguesa passava forçosamente por ali. Lá se fazia representações de teatro e ópera.

Fotos in: Arquivo Municipal de LisboaBiblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

27 de outubro de 2010

Carros de Bombeiros (2)

              Bombeiros Voluntários das Taipas                                  Bombeiros Voluntários de Peso da Régua

 

             Bombeiros Voluntários da Malveira                                       Bombeiros Voluntários de Évora

       

               Bombeiros Voluntários de Alverca                              Batalhão de Sapadores Bombeiros de Lisboa

 

26 de outubro de 2010

Incidentes Parlamentares … em 1909

Em 1909 os incidentes parlamentares por vezes eram resolvidos com duelos.

Manuel Afonso de Espregueira, Par do Reino e Ministro dos Negócios da Fazenda esteve envolvido numa dura polémica parlamentar, sofrendo violentos ataques pela voz de vários deputados da oposição, que o acusavam de conflitos vários de interesses na gestão das finanças públicas. Muito atacados foram um empréstimo que contraiu em Paris dando como garantia os rendimentos do monopólio dos fósforos e o protecionismo que aparentou em relação ao Banco Lisboa & Açores, ao qual estivera ligado.

Em consequência destes factos o então jovem deputado José Caeiro da Mata , do Partido Regenerador, acusou o Ministro de burla e de criminoso, por causa de um empréstimo à Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portuguesas, empresa da qual fora director geral e onde se mantinha como engenheiro consultor. A questão acabou no duelo à pistola travado em Monsanto.

               O juiz (conde de Penha Garcia) e os quatro padrinhos (conselheiros do reino) preparando as pistolas

                                

Resultado do duelo ….. ambos saíram ilesos …. mas vingados na sua honra. Hoje em dia quando os deputados querem “vingar” a sua honra apenas utilizam um tempo suplementar de oratória na sessão parlamentar, ao que chamam, creio, “em defesa da honra”.

25 de outubro de 2010

Sociedade Geral - S.G.

A “Sociedade Geral de Comércio Indústria e Transportes, Lda.” foi fundada pelo grupo CUF em 15 de Julho de 1919.

Entre outras actividades desta “holding”, que ia desde a banca, TAP, Lisnave, Soponata, etc destacou-se no sector de transportes marítimos. Este sector manteve a sua actividade até 1972, altura em que foi vendido à Companhia Nacional de Navegação (CNN), também do grupo CUF. Nos meios marítimos ficou apenas conhecida pela designação de “Sociedade Geral -S.G.”  e mantinha  as ligações entre o Norte da Europa, Portugal e as ex-colónias, para o  transporte de matérias primas necessárias e de produtos saídos das unidades fabris da CUF.

                       Publicidade à Sociedade Geral                                      Frota da Sociedade Geral em 1952

          

Foi das mais importantes empresas de navegação de Portugal tendo possuído 57 navios até 1972, além da sua frota de rebocadores. O primeiro navio foi construído na Alemanha, em 1899, chamando-se "Werner Kuntsmann", e fora comprado em 1912 pela Empresa de Serviço Costeiro, Lda., de Lisboa, que o rebaptizara de "Lisboa", nome que foi mantido pela CUF quando o adquiriu em 1916. Este navio foi posteriormente desmantelado em 1928, no Barreiro, e a sua máquina a vapor foi aproveitada para propulsionar o rebocador "Estoril", construido em 1932 para a SG, no estaleiro da CUF,no Barreiro (fotos seguintes)

                            O Vapor “Lisboa” em 1916                                              O rebocador “Estoril” em 1932

         

Em 1933, pela primeira vez, integrou a frota, um vapor não adquirido em segunda mão, antes acabado de construir no estaleiro da CUF, no Barreiro, ao qual foi dado o nome de "Costeiro Segundo"

                          Navio a vapor “Costeiro” de 1922                                  Navio a vapor “Alferrarede” de 1927

         

De 1948 a 1955, a frota da Sociedade Geral foi aumentada com vinte navios novos: dez grandes cargueiros, os seis "A's", "Alcobaça", "Alenquer", "Almeirim", "Arraiolos", "Ambrizete" e "Andulo"e os quatro "B's", "Belas", "Borba", "Braga" e "Bragança", construídos por encomenda da SG a estaleiros britânicos; os quatro "C's", cargueiros mais pequenos, de construção canadiana, "Cartaxo", "Colares", "Coruche" e Covilhã"; os cargueiros gémeos "António Carlos" e "Conceição Maria", e os quatro navios de passageiros "Alfredo da Silva", "Ana Mafalda", "Rita Maria" e "Manuel Alfredo", todos os seis construídos em Lisboa, no estaleiro da CUF, na Rocha Conde de Óbidos.

                                                                            Navio “Alcobaça” de 1947                                                    

                                         

                                                                                 Navio “Belas” de 1948

                                 

                              Navio “Colares” de 1948                            Navio “Alfredo da Silva” de (1949 -1973): 88 passageiros

        

                                             Navio “Rita Maria”  (1952-1978) - Lotação de passageiros: 70

                     

Os últimos navios adquiridos pela S.G. foram adquiridos em 1971, dois navios de carga noruegueses, gémeos, que tinham sido construídos na Alemanha e que na SG receberam os nomes de"Cabo Bojador" e "Cabo Verde".

Outros 2 rebocadores a vapor da Sociedade Geral

                            Rebocador “Cintra” de 1919                                         Rebocador “São Cristovão” de 1924

        

         Fotos in: Navios e Navegadores

Maior paquete de passageiros da Sociedade Geral , foi o “Amélia de Mello”, que navegara cerca de dez anos com a bandeira de Israel e com o nome "Zion" (3),  de 1956 que transportava 323 passageiros.

                                                                              Navio “Amélia de Melo”

      

         foto in: Revista da Marinha

Um paquete gémeo do "Zion", chamado "Israel", foi adquirido pela Empresa Insulana de Navegação que o renomeou "Angra do Heroísmo"

Em 1972 a “Sociedade Geral - S.G.” foi adquirida pela Companhia Nacional de Navegação (CNN) também do grupo CUF. Em consequência os navios da SG foram integrados na CNN, passando a usar as cores desta companhia. A Companhia Nacional de Navegação (1918-1985), teve a sua origem na Empresa Nacional de Navegação, e em cujos navios se fez a maior parte do transporte dos contingentes militares, material, funcionários do Estado e portugueses que iam para os antigos territórios portugueses em África.

A 3 de Maio 1985, e após várias tentativas de reestruturação, a CNN foi extinta, em 4 de Fevereiro de 1974, em simultâneo com a Companhia Portuguesa de Transportes Marítimos (CTM), esta última resultado da fusão da Companhia Colonial de Navegação (CCN), fundada em 3 de Julho de 1922, e da Companhia Insulana de Navegação, fundada em 13 de Dezembro de 1871.

23 de outubro de 2010

Selos Comemorativos de Centenários

Alguns selos emitidos pelos Correios para comemorar Centenários de factos ou personalidades históricas de Portugal

IV Centenários da descoberta Caminho Marítimo para a Índia e da morte de Luís de Camões, e I Centenário da morte de Camilo Castelo Branco

  

VII Centenário da morte de Sto. António de Lisboa, VIII Centenário da Nacionalidade e I Centenário da Escola Naval

              

I Centenário dos Caminhos de Ferro, V Centenário da morte de Infante D. Henrique e V Centenário do nascimento de Vasco da Gama

      

I Centenário do BNU, V Centenário do nascimento de Vasco da Gama, I Centenários dos Transportes Públicos do Porto e da Sociedade de Geografia de Lisboa

      

I Centenário C. de Ferro ao Norte do Rio Douro, XIX Século do município de Chaves, e V Centenário da cidade do Funchal

       

22 de outubro de 2010

Automóveis de Instrução do ACP

Em Julho de 1934, foi inaugurada a “Escola de Condução de Lisboa”, seguida das do Porto em 1935 e de Coimbra em 1960. O pacote de 30 lições custavam 500$00 (2.5 €)

                            

                                                             Carros de instrução “Austin 16 hp’”, de 1945

                                          

Foi o Volkswagen “Carocha”, o carro de instrução utilizado pelo  Automóvel Clube de Portugal, dos anos 50’s e 60’s. Com um motor de 1.192 cm3 a gasolina, debitava 36 HP, com uma caixa de 4 velocidades e transmissão traseira.

                                                                         Volkswagen, modelo de 1957

        

Interior muito simples, sem o 2º volante no lado direito colocado, e na foto ao lado 2 carros de instrução e uma carrinha de assistência, também VW,  frente á sede do ACP na Rua Rosa Araújo em Lisboa, inaugurada em 1950.

        

O 2º volante do lado direito que naquela altura e até aos anos 80 era obrigatório para instrução e era amovível, ou seja, quando o instruendo, estava praticando o instrutor ia do lado direito colocava o 2º volante e tinha um jogo duplo de pedais, e colocava também um 2º espelho retrovisor no interior ao lado do outro. Presa ao pára-choques eram colocadas uma placa à frente e outra na retaguarda, do mesmo material da matrícula, dizendo “Instrução” , só que fundo branco e letras pretas sendo também amovível. Quando terminava a aula o instrutor retirava o volante,  ou ou não.

Fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian