Restos de Colecção: “Clippers” em Portugal

12 de maio de 2010

“Clippers” em Portugal

Os hidroaviões - “Clippers” - Boeing 314 da “Pan American World Airways” (já desaparecida) que faziam as ligações entre a América do Norte e Lisboa nos anos 40, a meio da sua viagem faziam escala nos Açores amarando na ilha do Faial, na cidade da Horta.

“Clippers”  na cidade da Horta

  
A “Pan American World Airways” era representada em Portugal pela "Sociedade Técnica e Marítima". Chegados a Lisboa atracavam no Aeroporto Marítimo de Cabo Ruivo...

         

 

Interior dum "Clipper" em 1940

 

                 

Em Fevereiro de 1943 ocorreu um grave acidente com um Clipper da Pan Am de seu nome “Yankee Clipper”. No acidente de Lisboa , o “Yankee Clipper” tinha os motores em funcionamento e não era conhecida qualquer avaria que pudesse conduzir ao acidente . Segundo testemunhas oculares e relatos de sobreviventes , instantes antes de amarar o hidroavião da Pan Am inclinou-se ligeiramente para a esquerda , fazendo com que a ponta da asa do mesmo lado entrasse nas águas do Tejo , transformando-a em catapulta . A violência do impacto descontrolado provocou graves lesões traumáticas nalguns passageiros e a desintegração do aparelho . Para agravar a situação , não havia na zona qualquer meio de salvamento ( Portugal , anos 40 ... ) e apenas uma pequena lancha de serviço à Pan Am pode prestar algum auxílio às vítimas até que chegassem os bombeiros , também eles impreparados para um acidente deste tipo . Morreram 24 pessoas , 15 sobreviveram , algumas com graves lesões permanentes .

  

Na foto abaixo o desenho do “Aeroporto Marítimo de Cabo Ruivo”, cuja construção foi autorizada pelo Decreto-lei 32:331 , de 19 de Outubro de 1942 . Assinaram o decreto , entre outros , o Presidente da República General Oscar Fragoso Carmona , o Primeiro-Ministro Doutor António Oliveira Salazar e o Ministro das Obras Públicas e Comunicações Engº Duarte Pacheco. Este último um ano depois, em 16 de Novembro de 1943, morre no Hospital da Misericórdia de Setúbal, na sequência de um acidente de automóvel, ocorrido na véspera na estrada de Montemor-o-Novo, Vendas Novas, perto das instalações da Marconi. 

                     

Aos trabalhos de construção do Aeroporto Marítimo de Cabo Ruivo presidiu o bom gosto , a singeleza e a segurança . Tudo quanto de mais moderno existia em aparelhagem de protecção à navegação aérea e em material para a amarração e reabastecimento estava reunido naquela base . E , pormenor curioso : as instalações de terra foram desenhadas segundo o velho estilo português , o que era deveras interessante para o passageiro que , vindo da América do Norte , desembarcava em Lisboa .

Aerogare de Cabo Ruivo e pontão de acesso

      

O cais flutuante , de trinta metros , prolongamento natural duma ponte de 161 metros , proporcionava a acostagem dos hidro-aviões em três sentidos , consoante a direcção do vento . Em pleno rio , em frente ao cais flutuante , existiam três bóias de amarração ligadas entre si e ao cais por fortes cabos de aço , de forma que essa manobra pudesse fazer-se com os recursos de bordo dos aparelhos . Mas , apesar disso , a base tinha um gasolina a dois motores , com rádio , telefone e serviço de extinção de incêndio , que podia colaborar na manobra de amarração . Para o caso de uma amaragem de noite , o gasolina possuia potentes holofotes e as bóias eram iluminadas . Destinados ao reabastecimento dos aparelhos existiam dois depósitos subterrâneos com 15.000 litros cada . O pleno executa-se com extrema facilidade , por intermédio dum tubo que ia dos depósitos até ao cais flutuante e , por conseguinte , ao aparelho.

Hidroavião “Dornier” DO-X

 

Na sua viagem para a América do Sul, este hidroavião amarou em Lisboa, no fim do mês de Novembro de 1930 e permaneceu em Lisboa durante seis semanas em reparação.

1946

7 comentários:

Maxwell disse...

Excelente. Até hoje procurei pela web informações sobre o Hidroporto de Lisboa e devo dizer que esta é a recolha mais complecta e detalhada que junta não só informação e citações como imagens. Não tinha visto ainda a planta do complexo embora tenha encontrado a ilustração.
Parabéns pela recolha simplesmente fantástica.

José Leite disse...

Caro Maxwell

Grato pelas suas amáveis palavras

Cumprimentos

José Leite

greyolddave disse...

Hello,
I am looking for the flight records of aircraft landing at this seaport from about 1938 to 1946. Do you know where the records can be found? Thank you.
decrotty@yahoo.com

José Leite disse...

Greyolddave,

I can't help you, and I'm quite sure that will be very, very dificult, if not impossible, to get that information.

Kind regards

Flor disse...

Desconhecia completamente que tinha havido um aeroporto maritimo em Lisboa.
Obrigada pela informação.
Um abraço.

PdS disse...

Really nice blog on the Clippers

Maria da Fonte disse...

Excelente reportagem, que abrange inclusivé o papel da Cidade de Lisboa, durante a WWII.
Partilhei no Facebook, já que existe essa opção.

Grata